20070303

Aniversário

Hesíodo e a Musa, Gustave Moreau

Faz hoje 17 anos que o meu Pai partiu. Lembro-me, com uma nitidez extravagante, da sensação de alívio e de bem estar que lhe acompanharam a partida. Lembro-me do seu riso, incorrigivelmente agarotado, do brilho juvenil nos olhos muito negros a contrastar com a madurez grisalha dos cabelos. É-me impossível lembrar-me do meu pai sem sorrir. O desgosto de vê-lo partir amaciou-se com a liberdade que lhe era devolvida, transformando-se numa saudade boa, numa cumplicidade algo inexplicável que se acentuou com a sua ida. A imagem que coloco aqui só faz sentido porque acho que foi precisamente assim que ele seguiu a sua caminhada: juvenil, inspirado e protegido. Um beijo, Pai. E se não apreciares Gustave Moreau... :)

Até loch.