20070213

Afinal, pessoas...

Justiça, Luca Giordano
Satisfaz-me verificar, como pessoa e como cidadã, que finalmente começamos a abdicar de nos vermos como olímpicas torres de marfim, quando temos tantas minhocas e ratazanas a escavar-nos os sótãos. Parece-me higiénico e saudável, nos verdadeiros sentidos das palavras. Claro que estou a referir-me ao Prós e Contras de ontem. Apesar de muitas vozes de pessoas directamente afectas a essa área profissional e de soberania reverberarem em ironia, quanto a alguns momentos do debate de ontem, e outras muitas se fixarem quase que exclusivamente na questão das eventuais custas de uma petição, creio que ontem se deu um grande passo sem ser nos corredores furtivos e secretivos que cruzam as tão faladas 'sedes próprias' , neste caso, da Justiça. Quantas vezes não ressinto que ao despacharem-se sem mais delongas certas discussões para essas tais 'sedes', não se faz mais do que levá-las para meandros próximos de um certo catacumbismo silenciador, deixando os 'leigos' ou 'profanos' desses mundos votados à condição servil de incompetentes e inaptos para entender o que tão venerandas figuras poderão discutir, apesar do facto de qualquer de nós poder estar sujeito às jactâncias egotistas, às mirambolâncias interpretativas ou às possíveis sabedorias das suas contendas privadas. Por isso, ontem gostei. E gostei principalmente porque o facto de começar-se a questionar publicamente, a discutir publicamente, mesmo correndo o risco dos inevitáveis tecnicismos, parece ser um bom indicador de que afinal somos todos pessoas. Até loch.