20070204

«Foi desde sempre o mar...»

O belo texto do Cristóvão de Aguiar levou-me de passeio por uma bela ala de imagens guardadas com algum cuidado, aquele tipo de cuidado que até lhes preserva os sons e os cheiros. O dia meio cinza entra no tom da areia fria e dos ventos desajustados que nos ressoam nos ouvidos, como flautas de cana em busca de um acorde, e que nos fazem respirar como quem engole uma poção, num sorvedouro entrecortado de sal e ar. A humidade a velar-nos a pele, os olhos a marejarem-se na estridência da luz e a voz azul e imensa de sete tons a contar e a recontar e a renovar contos e cantos no seu contínuo milagre de fragores e calmarias... E com outros ventos, passam por mim outros cantos. Mas hoje o que se detem por aqui é o Mar Absoluto da Cecília Meireles. Até loch.