À varanda...
Não tinha nesta varanda
mais um céu de parapeito,
que o horizonte desanda
mas eu não: perdi o jeito.
Perdi o jeito e os braços
roçados pelos cotovelos.
Caiu-me a noite em pedaços
no colo como novelos.
Como novelos de lã
que com minhas mãos fiei,
mas deu-me a febre terçã
e curar-me eu já não sei.
Já não sei dobar o dolo
nem rodar na dobadeira.
Tenh novelos no colo
e agulhas à cabeceira.
À cabeceira ainda tenho
uma lâmpada e uns pedaços
de fio com cor e um desenho.
Mas não chego lá sem braços.
Sem braços nesta ciranda,
anoitecida e sem jeito...
Quem dera, nesta varanda,
mais um céu de parapeito!
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