20061004

Chapinhando (à beira do crepúsculo de Mucha)

Eu não sei se a alma tem lado, mas ando cá desconfiada que sim, até já falei disso ao médico, mas ele não percebeu. Deu-me uns anseolíticos para tomar e eu fiz de conta que sim e continuei à procura do outro lado da alma, o tal que me doía...

Claro que isto já foi há muitos, muitos, muitos anos. Continuo sem saber, continuo sem tomar anseolíticos e continuo à procura. Dos que me conheceram, são cada vez mais raros os que me reconhecem, é verdade, que tanto caminho molda, forçosamente, muitos contornos e, a um dado momento, acrescenta-nos coisas, como uma espécie de guelras e uma espécie de barbatanas. Mas não nos tira o gosto nem dos silêncios nem dos crepúsculos em que ficamos só a pensar na alma, alheios completamente à hipótese polémica que, porventura, provocou o início do caminho. Hoje, apetece-me ficar só a chapinhar, de barbatana nova, à beira do loch, sem angústia peregrina de qualquer espécie. Bom proveito me faça!... Até loch.