Adejos, arquejos e arpejos
Até loch :)
- quantos séculos nos contemplam? -
(...) Como poderá o peixe em terra seca
não saltar logo para o mar
quando do oceano tão fresco
lhe chega o som das ondas?
Como poderá o falcão não voar,
depois da caça, de volta ao braço do rei
quando ouve o tambor do falcoeiro
chamá-lo: ‘Vem, volta!’?
Por que não começará qualquer Sufi
a dançar, como se fosse um átomo,
em torno do Sol da duração
que salva da impermanência? (...)
(...) E quando alguém mencionar
a graciosidade do céu à noite,
sobe para o telhado,
dança e diz:
Assim? (...)
Assim? :) Até loch...
circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô de fulô e ainda quem falta me dá soando como um shamisen e feito apenas com um arame tenso um cabo e uma lata velha num fim de festafeira no pino do sol a pino mas para outros não existia aquela música não podia porque não podia popular aquela música se não canta não é popular se não afina não tintina não tarantina e no entanto puxada na tripa da miséria na tripa tensa da mais megera miséria física e doendo doendo como um prego na palma da mão um ferrugem prego cego na palma espalma da mão coração exposto como um nervo tenso retenso um renegro prego cego durandona palma polpa da mão ao sol
circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô de fulô e ainda quem falta me dá o povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia azeitava o eixo do sol circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô de fulô e ainda quem falta me dá e não peça que eu te guie não peça despeça que eu te guie desguie que eu te peça promessa que eu te fie me deixe me esqueça me largue me desamargue que no fim eu acerto que no fim eu reverto que no fim eu conserto e para o fim me reservo e se verá que estou certo e se verá que tem jeito e se verá que está feito que pelo torto fiz direito que quem faz cesto faz cento se não guio não lamento pois o mestre que
me ensinou já não dá ensinamento
circuladô de fulô ao deus ao demodará que deus te guie porque eu não posso guiá eviva quem já me deu circuladô de fulô e ainda quem falta me dá
Eles são abalos, frémitos e mais tremores,
Vêm em chusmas as mui sábias reflexões,
Os comentários, as doutas explicações
- Que esta terra é toda feita de doutores!...
E quando já se me instala a agonia
E vou em busca da pastilha efervescente,
Eis que a própria terra num acesso de azia
Se adianta e freme ao largo de São Vicente
O meu apetecido e salutar arroto!
Foi um valha-me Deus por todos os canais
Da Rádio e da têvê, porque o terremoto
Passou a ser notícia melhor que todas mais
E displicentemente o sábio, génio e douto
Passou a ser serôdia matéria dos jornais.
Ah... mas não, não acabou ainda o sururu
Que há p’raí pessoas que em circunspecto brado
Acham que o sismo foi obra de Belzebu
Ou manifestação de Deus-Pai irado
Porque ontem foram mais os a dizer que sim
o que na certa p’ra eles deve ser pecado...
mas eu, pobre crente, eu tenho cá p’ra mim
que é mais sina, negro destino e fado...
Aliás, melhor farei em guardar o remédio
Não vá alguém tomá-lo em distracção
E arrotar o neurónio, que por razão de tédio
Abdica de vez da potencial função,
E ao libertar-nos, quiçá, do santo assédio
nos condenaria – cruzes credo - à perdição!
:D Até loch!