20061207

Maresia

Lesley Pike, glass engraver, crystal work bowl of sea
«Vem, asa de gaivota, e desenha o que puderes. O céu só tem a cor dos dias que compuseres e se é azul, vermelho, a roxo cintilado, depende tão-só do rastro, do esquisso, de um voto alado que possas enfeitiçar, desenhar, cumprir no ar. Vem, asa de gaivota, e desenha o que puderes, que neste céu já não há nem sequer saber. Entre o viver e o morrer é tudo um recomeçar, um ir devagar, um evitar morrer, um desenhar que se possa. Vem, asa de gaivota, canta, lança-te sem medo, sem mistério nem segredo, sem quereres saber o fim. Desenha-te só assim sem perguntas nem respostas. Não importa se entendes nem sequer se é o que gostas: És asa, voa desvoa, mas segue sem te deteres.
Vem, asa de gaivota, e desenha o que puderes!...»

Margarida Santiago

Um apetite de asa, de mar, de céu, de voo, de abrir janels grandes, de retirar reposteiros, de ver as espumas delirantemente brancas a encaracolar o rebordo das ondas, de um escancarar de alturas, de um riso entrecortado pelo vento, de extremos de Melquíades, de obsessões de mercúrios, de jaguares, de octógonos quase impossíveis, de, de, de, de...

Ahhhhhhhhh! Cheira a maresia no loch!...