20061205

O frasco de perfume

frasco de perfume egípcio
Shhhh... como o génio bom dentro da lâmpada, o perfume adormeceu. Por um pequeno poro, escapa-se-lhe a respiração, numa cadência de aroma e ausência, difusa, fluida, encantatória. Impregna o pensamento, aguarela inesperadamente as nostalgias de tons lazúli, equívocos na sua bela e dolorosa mansidão. Desfio por dentro uma imensa fiada de pequenas contas de constantes agoras, com um trejeito do pescoço pretendo mudar o eixo do momento e sigo o fumo do cigarro sem o ver. (Ouves-me? Sim, sim, o ar lateja. Como ao peregrino, os Pirinéus acenam-te, ainda de longe, por entre muitas chuvas, e eu embrulho-me numa gota e também sigo.) Um som de saxofone arrasta-se. Arrefeceu. Só a respiração do perfume amorna o ar. Boa viagem. Até loch...