20061204

A perfumista

A rapariga do brinco de pérola, Vermeer
Vermeer... pois, Vermeer. Como de costume, quem olha entra no ambiente e surpreende, interrompe o movimento, provoca o gesto, o olhar, a palavra prestes a ser dita. Como a vida, como os dias da vida, sempre prontos, senão mesmo ávidos, a surpreender, interromper, alterar, obrigando a um constante reajustamento de rotas, quando não de rumos. Às vezes, conseguimos o olhar límpido de quem abraça qualquer horizonte, numa atracção infantil, ingénua ou temerária, pelo desconhecido. Doutras, a ruga na testa é inevitável e o sono esvai-se na apreensão de uma maturidade ainda não sábia. Doutras ainda, partimos do princípio - instável, mas princípio quand même - de que é essa farândola que nos leva, de momento em momento, pela trança de um qualquer eon de que fazemos - mais hipnótica do que conscientemente - parte, e tomamo-la como nossa, abraçando irremediável, inexorável, apaixonadamente o rodopio. De repente, lembro-me da dança dos dervixes Mevlevi... O que se mantem? ...o brinco de pérola, claro. Ou, talvez mais correctamente, a pérola e, espantosamente, um perfume. Até loch...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Citando alguém, "escreves bem que te fartas"! e tanto sumo..
Bjinho!

12/05/2006 10:30:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home