20061219

Papel de embrulho


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knock-knock :) Então, se me dão licença, vou entrar na conversa do blog Ideias Soltas. Quanto ao conteúdo do contrato de concessão, poderei achar disparatado ou ajustado, mas isso é problema entre os outorgantes e eles saberão de si. Quanto ao Filipe La Feria, gosto de o ver fazer coisas bem feitas, no âmbito do teatro ligeiro, do musical. Quanto à exploração do Rivoli ter ido a concurso público, enfim, esticando uma certa boa vontade, ainda poderia entender como fase necessária de um planeamento estratégico, que permitisse entretanto a estruturação da autarquia em relação ao papel do teatro enquanto arte e enquanto edifício, precavendo a sua sustentabilidade. O que já tenho uma enorme dificuldade em entender é a insídia dessa coisa a que ultimamente se chama 'cultura light' em lugares e posições que deveriam estar-lhe, digo eu, imunes. E não o estando, não estranhará que a cultura do ligeiro sufoque o que sempre se chamou de cultura, assim mesmo, sem explicação aceitável nem dor de consciência, porque, provavelmente, nem se entende o sufoco. Na entrevista que deu na RTP há dias, o Presidente da Câmara do Porto disse qualquer coisa do género - que quando chegou à CMP, era um corropio impossível de gente a pedir dinheiro e que, portanto, só tinha era de acabar com isso. Quanto às pequenas companhias e associações, se não conseguiam ter mais de 10-20 pessoas como audiência é porque não conseguiam interessar o público, portanto não valia a pena encorajá-las. Como poderão imaginar, fiquei absolutamente esclarecida com a visão que a CMP tem quanto à cultura e às inerentes responsabilidades da Cidade, porque estou convencida de que qualquer ajudante de contabilista do meu antigo merceeiro me apresentaria o mesmo elucidante quadro, já que, como toda a gente sabe, a História sempre nos mostrou como cultura e facturação são sempre contemporâneas - não indo mais longe, quem não recorda os luxos em que viveu e morreu Fernando Pessoa? - Continuando a conversar convosco, parece óbvio que o sistema educativo tem uma responsabilidade e creio que algo começa a ser feito - apesar de tremer só de pensar que poderão ter aproximações às matérias tão estimulantes como as novas TLEBS em relação à língua portuguesa e, consequentemente, ao desenvolvimento do gosto pela literatura. O problema, pelo menos para alguns de nós, é que, entretanto, continuamos a ter de lidar com a falta de certos critérios e de certos conteúdos e a ter de suportar os frufrus destes papéis coloridos e enlaçarados - de que até gostamos, mas... em causa própria. Enfim, a ver vamos onde nos levam as águas deste Rio... Até loch.

5 Comments:

Blogger T-Regina said...

bizantina, uma curiosidade - desde sempre me lembro de atribuir cores aos números, aos meses, aos dias da semana, aos nomes próprios e a algumas outras palavras. Outra curiosidade - aos meus filhos chamo desde que nasceram 'potinho de amoras' e 'potinho de framboesas'. Estas coisas só se comentam baixinho... ;) Um abraço t-regínico.

12/19/2006 12:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ah T-Regina, a cultura light!
É, claro, mas eu nada tenho contra o light que se apresente no mercado!
O que está em causa é ceder um espaço público como o Rivoli em regime de residência única (é o que é uma concessão) a essa cultura light, para mais inviabilizando através de 4 produções/ano que "aquilo a que sempre se chamou de cultura" tenha lá espaço.
Beijinhos.

12/19/2006 12:38:00 da tarde  
Blogger T-Regina said...

exactamente... mas se não há espaço nas cabeças coroadas como poderia haver nas programações? ;)

12/19/2006 12:49:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

olá :>
aquelas coisas dizem-se baixinho porque se sentem muito alto...

quanto a estas coisas do rui rio e do la feria, por tresandarem a manobras de poder, contaminam tudo o que se possa seguir. a minha inocência perdeu-se há muito, nestas questões, quando vi gente cheia de mérito (culturalmente falando) queixar-se por falta de subsídios para fazer peças elitistas para meia dúzia de amigos. e conheço um caso absolutamente asqueroso, noutras artes. asqueroso e promíscuo, porque vi a contabilidade. tenho a impressão de que metade desta gente já não se fica por fazer coisas para os seus pares, agradar a um círculo de iluminados, mas sim para se vender a quem der mais qualquer coisinha. bardamerda.

vou isolar-me nos natais e na família, por uns tempos. tenho um prazo para acabar um livrinho juvenil (é maior o prazer de o estar a escrever do que os aérios que me vão pagar...;)

um beijinho bizantino e boas festas.

12/19/2006 08:54:00 da tarde  
Blogger T-Regina said...

bizantina, então os meus votos de um óptimo e criativo retiro! Boas festas e um abraço blogosáurico :)

12/20/2006 07:48:00 da tarde  

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