20061220

Um sótão numa gaveta

À procura já nem sei de quê que a minha neta me pediu, abri a gaveta da escrivaninha onde se guardam tesouros velhos e menos velhos e, com uma alegria de cachorro, de lá saltaram mil memórias de letras embrulhadas, de pequenas obras de arte feitas por mãos mínimas, de recortes recheados de recados alegres, de momentos a preto e branco que o tempo amareleceu, de pagelas de outros tempos ainda com o cheiro dos corredores da escola. Sentei-me a afagar todos aqueles apontamentos de vida, a vê-los desfilar sem os espartilhos do tempo em que ocorreram e deixando-os tornar a acontecer em mim. Não me lembrava que tinha este sótão de maravilhas e mistérios aqui, à distância de um pequeno gesto e é com um imenso gozo que me dou conta como é grande a minha casa e que tenho a minha neta a percorrê-la, divertida e curiosa, fazendo-a sua. Até loch :)